
Especialista em gestão explica por que estruturar processos e desenvolver equipes é essencial para empresas que desejam maturidade e crescimento sustentável

Empreendedores que persistem no modo “faço-eu-mesmo” arriscam o crescimento dos seus negócios pela falta de distribuição de tarefas. No Brasil, micro e pequenas empresas respondem por cerca de 99% dos negócios formais e geram mais da metade dos empregos registrados. Mesmo assim, a produtividade entre essas empresas ainda fica muito abaixo das grandes companhias, um indicativo de que não basta empreender, é preciso estruturar.
A especialista em gestão de projetos, Suzana Marques, conta que o primeiro passo para um crescimento solidificado é a delegação dessas atividades. E para isso é preciso construir um método. “Padronizar os processos é o segredo para que as coisas realmente fluam e garanta a utilização do método criado. Acompanhar essa execução por parte do colaborador, fazendo pequenos ajustes e pequenas delegações de atividades simples, garante que a identidade da empresa vai ser continuada”, destaca.
Ao delegar, o empresário não apenas libera tempo e energia para atuar no nível estratégico, como inovação, expansão de mercados e formação de parcerias, como também investe na estruturação de uma liderança capaz de distribuir responsabilidades com autonomia. Ela ainda ressalta que a delegação adequada está ligada a modelos mais maduros de gestão e empresas mais resilientes.
“Quando se é o ‘euempresário, a empresa fica muito limitada até onde a pessoa consegue executar as atividades. Chega uma hora que ela não vai crescer, porque uma pessoa só não vai conseguir ter tempo de atender um cliente, gerar um processo ou ir atrás de novas estratégias. O empreendedor precisa estar com os braços livres para ir atrás de novos negócios e parceiros. Delegando, o empresário consegue garantir a credibilidade, imagem e identidade, com a entrega sendo feita por outros profissionais”, explica.
Times com liberdade para executar sem supervisão excessiva demonstram mais engajamento, senso de pertencimento e rapidez na tomada de decisões. Esse ambiente reduz a necessidade de microgestão, evita desperdício de talento e fortalece a produtividade, fatores que podem ser decisivos para que uma empresa saia do “modo bloqueado” e comece a escalar de fato.
Além disso, é muito interessante incluir a formação de funcionários, como os estagiários, que aprenderão pelo molde do negócio. “Construir um talento dentro de casa permite dar a sua perspectiva e direcionamento. Quando se encontra um estagiário que realmente quer vir a crescer, o match acontece, pois tem a fórmula e uma pessoa sendo moldada dentro dos princípios da empresa”, salienta Suzana.
O processo de contratação deve ser levado a sério, com estrutura bem definida. “Quando se faz a entrada correta, a continuidade do colaborador vai ser assertiva. Evita também a contratação de pessoas sem o perfil, bagagem e repertório para sustentar aquele cargo. Os erros são minimizados quando se organiza o processo, colocando as etapas do que tem que ser feito e garantindo que irá acompanhar o processo de execução”, pontua a especialista.
Outras dificuldades podem ser encontradas no próprio sistema da empresa, seja por incluir uma relação familiar ou por ter desconfianças de ensinar ao colaborador e ele se tornar um concorrente. Suzana Marques, no entanto, explica que é um risco, mas que não exclui a necessidade de delegar. “Não quer dizer que a forma que você faz, é a forma que o outro vai fazer, mesmo que se tenha um manual com instruções. Existe uma identidade e personalidade do empreendedor que não vai ser nunca transferida ou copiada. Já sobre a presença de familiares, é uma relação mais tensa, principalmente nas micro e pequenas empresas, porém eu digo sempre: não contrate alguém que você não pode demitir, evitando impactos mais a frente”, opina.
Para garantir que a atividade vai ser continuada, com o registro da identidade da empresa, a ficha técnica consegue estabelecer processos, utilizações e modos de preparo que, quando seguida, extingue erros. Acompanhamento e padronização evitam que as coisas deem errado. Mais que transferir tarefas, delegar significa construir um negócio que não dependa da presença constante do fundador. É esse tipo de estrutura que possibilita sustentabilidade ao longo prazo.
“Organize as ideias por escrito, coloque a forma que você goste que seja feito, as etapas, o molde e, quando sentir a confiança, comece com uma atividade pequena, algo simples que tenha certeza que outra pessoa com boa instrução também consegue fazer. E aí, aos poucos, vai delegando, entregando e mensurando esses resultados”, finaliza Suzana.




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